quarta-feira, 3 de julho de 2013

O(S) OPORTUNISTA(S)

Já lhe chamei isto muitas vezes. Paulo Portas é o típico oportunista, neste caso político. É o termo mais simpático que lhe posso arranjar. Todos sabemos, e a história encarregou-se de o contar, da forma como se comportou com Santana Lopes, que foi demasiado educado face à situação em que todos, desde Sampaio a Barroso, o colocaram.

Neste governo a coisa não foi diferente. Comportou-se como um oportunista. Estava nas coisas boas e não estava nas coisas más. Estava na ida de Portugal antecipada aos mercados, com mérito (ainda que não total) do Ministro das Finanças, coisa que nunca referiu, mas não estava nas políticas de austeridade. Estava, na reforma do Estado, mas não estava, nos cortes que seria preciso fazer ao aparelho do Estado. Enfim, foi uma canalhice pegada.

Se eu fosse a Passos Coelho estaria agora num dilema entre dois tipos de soluções a tomar. Ou me ia embora e de vez, ou ficava, em prol do meu país (como parece que vai fazer). A primeira seria a mais fácil, seguir-se-ia a saída da liderança do PSD, dando lugar aos sempre iluminados (mas que nunca fizeram coisa nenhuma que se visse) Pacheco Pereira ou António Capucho.

A segunda, mais difícil, mas que seria a ideal, que era dar uma pantufada neste regime podre que vivemos. Fica, assume que fez mal em falar com Portas, assume que algumas coisas não correram bem e assume que tem de corrigir alguns pontos da sua governação. Em primeiro lugar, coloca os ministros e secretários de Estado do CDS contra a parede, questionando-os sobre a sua vontade em continuar no Governo. Com a lealdade que se lhes vai exigir. Não aceite a condição, entram ministros e secretários de Estado independentes. Acaba-se o jogo do engana em que vivemos. E depois a corja pendurista que nos dirige do Parlamento fará a sua opção: ou quer Governo, ou quer caos; ou quer a coisa bem feita, ou quer o "quanto pior, melhor".

Já tenho dito e escrito: aquilo que mais me assusta é, além deste Governo, não ver outro tipo de alternativas. Não falo dos partidos da esquerda mais à esquerda, que esses nunca serão Governo (e estranho quando dizem que defendem as eleições e tal, quando historicamente se prova - Cunhal dixit - que defendem e defendiam exactamente o contrário...), mas falo de Seguro, que vai lançando as suas ideias, mas todas elas têm um "se" lá metido. Tudo bate certo, e até agora tem batido - verdade seja dita. Mas nada depende dele. E se nada depende exactamente dele, tudo o resto pode sair bem ou sair mal. Ou seja, não se sabe se estaremos melhor ou pior. De Portas, sabe-se que é o eterno pendura do regime, e que dele não quer sair.

Por isso, e porque tenho quase a certeza que até ao fim da semana teremos Passos a dizer que não tem condições para governar, estou extremamente assustado com o panorama que poderemos vir a ter no futuro. Um individuo bem intencionado, mas associado a um pandilha que aposta em que tudo continue na mesma. Mais do que isso, não acredito que isto mude, uma vez que as pessoas vêm os partidos como os clubes de futebol. E depois temos os militantes, que fazem o resto. E uma lei dos partidos que dificulta o aparecimento de novos partidos. E eu penso que assim quase que mais vale não votar.

Acredito que Passos vai optar pela segunda opção e que a corja de indivíduos que está no Parlamento não o vai deixar trabalhar. Uns porque quanto pior melhor, outros porque se vão vingar do passado recente, e outros porque sim. Passos vai ter um caminho longo. E que pelo menos tente fazer as reformas que Portugal precisa. Depois o problema fica na consciência dos deputados. Até porque acredito que, no dia em que Portugal tiver que sair do Euro, sai da UE e vem outro Salazar. E mais 40 anos de Ditadura. Que será bem pior. Mas parece que ainda ninguém se apercebeu disto...