Acabou na prática hoje a época do FC Porto. Uma época para relembrar. A todos os níveis.
Para os portistas, que diziam, como eu dizia, mal de Vitor Pereira, que afinal é sempre melhor o menos mau certo que o bom incerto, porque pode sair asneira, como saiu. E que lutas internas afectam não só os lutadores como toda a estrutura que lhe subjaz. Consta-se que existem correntes internas para a sucessão de Pinto da Costa. Como isso vai ter que acontecer um dia, não convém destruir o clube antes disso. E depois a formação do plantel, deficiente a todos os níveis. Escreverei sobre isso um dia destes.
Para os benfiquistas fica aquilo que eu já escrevi há anos e que basta consultar o histórico deste blog. Para um treinador mostrar trabalho são preciso anos, e casos como o de Villas Boas são anormais e raríssimos. Por isso, no lugar de Vieira teria feito exactamente o mesmo, renovado com Jesus, depois do bom ano que tinha feito (apesar de não ter ganho nada), e dos jogadores que potenciou (Luiz, Coentrão, Ramires, Di Maria, Cardozo, etc). Do mesmo modo que fui contra a dispensa de Jesualdo por Pinto da Costa (apesar de ter corrido bem) que culminou com a contratação de Villas Boas.
O que aconteceu este ano com o Benfica aconteceu, com as devidas adaptações, com o Bayern no ano anterior. É sempre preferível continuar com uma estrutura que promete bons resultados do que mudar à minima contrariedade (como se faz frequentemente em Portugal). Por isso este acto de belíssima gestão de Vieira tem que ser louvado e tem que ser felicitada a equipa do Benfica, na pessoa do seu treinador, por mais uma época de grande nível. Por mais que isso me custe.
Pode ser que o Benfica tenha dado uma lição de gestão ao futebol português e europeu. Afinal, agora que está na moda despedir treinadores porque as coisas não correm imediatamente bem, é bom ver (por mais que doa) que o exemplo contrário é bem sucedido. Os casos de Ferguson no United e de Moyes no Everton (uma equipa do meio da tabela para baixo, que se tornou cliente assídua das competições europeias em 11 anos) e em Portugal de Pedro Martins no Marítimo (com o mesmo treinador em 4 anos conseguiu potenciar muitos jogadores da equipa B e ir às competições europeias com um plantel de tostões) mostram exactamente isso. A questão está em saber terminar a tempo. Mas aos treinadores tem que ser dado tempo e condições para fazerem o seu trabalho. O resto virá com o trabalho.