Se a minha professora de Matemática do 10º ano (Ana Paula Cordeiro, já agora) lesse esta frase, talvez se lembrasse daquilo que me lembro agora. Esta frase foi um comentário que fez num teste de Matemática (o primeiro do 2º Período) em que fiz uma simplificação à pressa e que saiu, obviamente, mal. Como não podia deixar de ser.
Lembrei-me disto a propósito das notícias que tenho vindo a ouvir nos últimos dias. E lembro-me daquilo que aconteceu no Verão passado (como no título do filme). Uma pressa enorme de Mário Soares contra Passos Coelho e António José Seguro, no sentido de os demitir e de preferência o quanto antes. Parecia que adivinhava. Em Novembro desse mesmo ano começavam os problemas no BES (afinal o banco do regime nos últimos tempos). E depois Seguro até ganha as Europeias e Sócrates vai preso.
O que é que isto tem de especial? Tudo. É tudo novo em Portugal. E estranho. Estranho que se tenha deixado cair um nome tão sonante do nosso meio. Ninguém esperava que o "dono disto tudo" fosse deixado cair com estrondo e sem espinhas. E depois ninguém esperava que houvesse um juiz com a "desfaçatez" de mandar prender um primeiro ministro. E tudo figuras tão próximas de Mário Soares (o considerado "pai" da democracia - para mim não fez nada, se não fossem os militares nunca teria mudado nada, e tem apenas o mérito de ter ajudado a encostar Cunhal a um canto...).
Agora chegamos à conclusão que todos os "grandes centros de decisão nacional" são apenas e só grupos de papel que aguardaram e aguardam a rajada de vento definitiva que os fará ruir com estrondo. E até lá pagamos todos nós a factura de termos tido gente incompetente que nos governou e que não teve coragem de os pôr no sítio. Ora, quando apareceu alguém com essa mesma coragem, e face a essa derrocada dos grupos, importava correr com essa pessoa o mais rapidamente possível. E vêm de todos os lados. O "status quo" português tem que imperar e, com razão ou sem ela, se há alguma coisa que o prejudique, essa coisa terá mesmo que ser removida, custe o que custar. Mas desta vez não foi. Honra seja feita a Pedro Passos Coelho e a Cavaco Silva que, mesmo face à indecente cena "irrevogável" (e a desfaçatez - agora sem aspas - de vir citar Sá Carneiro 20 dias depois), resistiram à mudança que tinha sido começado em 2011, feita na medida do possível e exigida por entidades externas.
Esta enorme pressa fez desconfiar o mais inocente dos cidadãos portugueses que acompanha a actualidade portuguesa. Era notório que alguma coisa estaria para explodir. Não se esperava que fosse tão forte. No meio disto tudo, apenas tenho pena que António Costa tenha feito o frete a Soares e tenha querido despachar Seguro apenas porque lhe cheirava a poder. Resultado: temos o PS com as mesmas caras que levaram o país à falência em 2011. E um líder parlamentar que elogia um Primeiro-Ministro que é suspeito de crimes e graves.
A coragem dos principais intervenientes, e a demonstração de grandeza de Seguro que, percebendo que não teria hipótese face a uma máquina oleada para o "destruir", independentemente da qualidade das ideias (que não eram sequer diferentes, bem pelo contrário), mas simplesmente por uma suposta "qualidade" pelo homem em si, são novas formas de fazer uma política que deixa o "status quo" abananado e fora do seu "habitat natural". Desta forma, tratou-se de fazer tudo o que fosse possível para encontrar falhas, mesmo que elas não existissem, mesmo à moda dos partidos da extrema-esquerda (aquela do "ir para além da troika" ou dos "piegas" são exemplos incríveis).
Deste modo, mais importante que tudo, é imprescindível que esta mudança não se perca no meio de todas estas "tramoias" que vão ocorrendo na nossa cena política. O facto de termos meios de Comunicação Social completamente domesticados por este "status quo" (as cenas que fizeram a Álvaro Santos Pereira - para depois se descobrir que afinal até tinha razão, mas sempre à posteriori) não vai ajudar nada a que Portugal se cure de 40 anos desta "cambada" (acho que tudo isto que descrevi não tem outro nome decente que se escreva - o que me apetece dizer é algo bem pior) que nos governou com olhos na sua barriga e nos seus bolsos e não nos interesses do povo que lá os colocou.
Quer isto dizer que Passos Coelho fez tudo bem? Não. Bem pelo contrário. Mas por diversas razões, umas por culpa dele e outras por culpa de outros intervenientes, as coisas não foram todas bem feitas. Passos Coelho neste momento parece-me ser o menos mau. E, se as coisas continuarem desta forma, terei que votar no menos mau dos candidatos. A outra hipótese é não me rever em nenhum. E aí tenho razões mais que fortes para duvidar do futuro do Portugal de que eu tanto gosto. E a coisa vai ser mesmo negra.
domingo, 21 de dezembro de 2014
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
A PRIVATIZAÇÃO DA TAP
Os últimos dias têm sido marcados pela comissão de inquérito sobre a derrocada do GES, a prisão de José Sócrates e a privatização da TAP. Quanto aos primeiros dois temas quero deixar o tempo rolar, de modo a que se possa compreender melhor a responsabilidade dos envolvidos. Quanto à TAP, penso que posso dar desde já a minha opinião.
Comecemos pelo princípio. A TAP quando nasceu não era uma empresa pública. Era uma empresa com capitais públicos. Foi fundada em 1945, por Humberto Delgado. Ela foi nacionalizada naquele corropio devaneista que assolou Portugal após o golpe militar que pôs fim ao "fascismo" (valha-me Deus!). Assim sendo, não era o Governo que governava, apesar de ser o Governo o accionista.
E podiamos ficar aqui a discutir este ponto. A diferença é que seria na mesma governada em função de critérios comerciais e não em função do mero interesse público "per si". Pois bem. Ao que parece, até 1974 nunca tinha havido problema.
Adiante. Agora discute-se a possibilidade de privatização. E o seu valor estratégico. Ouvem-se argumentos do tipo "a TAP é minha" ou "a TAP é tão importante como as caravelas". Ou outros assim. Outros dizem que, com a dificil situação financeira da TAP e com a impossibilidade de capitalização pública (decretada pelas leis europeias) seria ideal a entrada de um investidor privado que assegurasse a capitalização necessaria. Outros dizem que o ideal era só fazer um aumento de capital em bolsa que limitasse a entrada de privados a 49%.
Com tantas opiniões, eu também posso dar a minha. Eu não compreendo porque é que a TAP ainda é pública e porque é que os meus impostos ainda têm que aguentar com ela. No tempo da Ryanair, ou de outra companhia qualquer que pode fazer tanta coisa, ainda não percebi porque é que a TAP ainda é pública. Ainda para mais, porque ainda por cima dá prejuizo. E não pode ser capitalizada por entidades públicas. Aqui há dias, o presidente da TAP veio dizer que teve que fazer um lease-back de quatro aviões. A justificação "oficial" era para dar fôlego à tesouraria. Ou seja, não há dinheiro.
Segundo ponto. As greves. É incrível a quantidade de greves que os funcionários da TAP fazem. E da importância que eles sabem que têm e que usam a seu favor. Pensa-se que o Estado não deixará cair a TAP e, mais prejuizo, menos prejuizo, a coisa lá vai andando.
Em resumo. Por mim, privatize-se. Por mim, é indiferente. Mas de preferência, toda. E o status quo da estupidez portuguesa que vá, de uma vez por todas, abaixo de Braga. Ou a outro sítio qualquer.
Comecemos pelo princípio. A TAP quando nasceu não era uma empresa pública. Era uma empresa com capitais públicos. Foi fundada em 1945, por Humberto Delgado. Ela foi nacionalizada naquele corropio devaneista que assolou Portugal após o golpe militar que pôs fim ao "fascismo" (valha-me Deus!). Assim sendo, não era o Governo que governava, apesar de ser o Governo o accionista.
E podiamos ficar aqui a discutir este ponto. A diferença é que seria na mesma governada em função de critérios comerciais e não em função do mero interesse público "per si". Pois bem. Ao que parece, até 1974 nunca tinha havido problema.
Adiante. Agora discute-se a possibilidade de privatização. E o seu valor estratégico. Ouvem-se argumentos do tipo "a TAP é minha" ou "a TAP é tão importante como as caravelas". Ou outros assim. Outros dizem que, com a dificil situação financeira da TAP e com a impossibilidade de capitalização pública (decretada pelas leis europeias) seria ideal a entrada de um investidor privado que assegurasse a capitalização necessaria. Outros dizem que o ideal era só fazer um aumento de capital em bolsa que limitasse a entrada de privados a 49%.
Com tantas opiniões, eu também posso dar a minha. Eu não compreendo porque é que a TAP ainda é pública e porque é que os meus impostos ainda têm que aguentar com ela. No tempo da Ryanair, ou de outra companhia qualquer que pode fazer tanta coisa, ainda não percebi porque é que a TAP ainda é pública. Ainda para mais, porque ainda por cima dá prejuizo. E não pode ser capitalizada por entidades públicas. Aqui há dias, o presidente da TAP veio dizer que teve que fazer um lease-back de quatro aviões. A justificação "oficial" era para dar fôlego à tesouraria. Ou seja, não há dinheiro.
Segundo ponto. As greves. É incrível a quantidade de greves que os funcionários da TAP fazem. E da importância que eles sabem que têm e que usam a seu favor. Pensa-se que o Estado não deixará cair a TAP e, mais prejuizo, menos prejuizo, a coisa lá vai andando.
Em resumo. Por mim, privatize-se. Por mim, é indiferente. Mas de preferência, toda. E o status quo da estupidez portuguesa que vá, de uma vez por todas, abaixo de Braga. Ou a outro sítio qualquer.
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