Gosto de escrever, por norma, depois de deixar a poeira assentar. Neste caso é isso que procuro fazer.
Como este fim de semana mal estive em casa não acompanhei os preparativos para o referendo e apenas soube hoje que tinha ganho o lado pró-Russia, com 93% dos votos. Nesta versão anexadora (do género não vem tudo, mas vem uma parte de cada vez) de Putin, podemos sempre comparar com a de Hitler, que aquando da anexação da Austria, esta foi votada por 97% dos então austríacos, longe de saber ao que iriam.
No que toca à parte estratégica da coisa, Putin está claramente à procura de deter o controlo de um pedaço de mar que existe entre a Rússia e a Ucrânia e deter um acesso priveligiado ao Mar Negro. Esta parte não sei explicar bem porquê. De todo o modo, é uma questão estratégica, tal como a que presidiu à invasão da Geórgia.
No que toca à Comunidade Internacional, é no mínimo salutar que tudo aquilo que se faça tem como objectivo convencer, sem ofender, o sr. Putin. De facto, a Alemanha depende como de pão para a boca dos gasodutos russos (senão lá se ia a produtividade alemã... do mal o menos, o nosso vem por África... não sei o que será pior). Do lado americano, é de salientar as sanções que se ameaçam e que nunca mais saem do papel.
Não nos podemos esquecer que a América está, em traços muito gerais, falida. E que a Inglaterra, ao fim de alguns anos de políticas expansionistas está a cortar, e bem cortadinho, os gastos que andam a fazer, porque não tem havido muito dinheiro por aqueles lados. É por isso que eu defendo Merkel. Nunca podemos perder o valor do nosso dinheiro. Renegociar dívida, aumentar défices, injectar dinheiro na economia, enfim todas essas coisas têm um único beneficiário: os EUA, cujo dólar perde valor de dia para dia. É também por isso que as nossas yelds estão a baixar.
Putin apenas aproveitou este "buraco" no equilíbrio global e começou por dar um rebuçado à Ucrânia. O então presidente, já contestado, aceitou e o povo fê-lo cair. O novo Governo não conseguiu manter a unidade territorial (faz lembrar o pós-25 de Abril... substituiu-se um mau governo por outro pior...) e a Crimeia, internamente russa, quis sê-lo na prática. E Putin fica todo contente. E, de repente, toda a zona do Mar de Azov já quer pertencer à Federação Russa. Sendo uma zona de equilíbrios sempre frágeis, é bom saber quanto tempo poderá tudo permanecer tranquilo nesta nova ordem mundial.
De todo o modo, a primeira conclusão que se pode tirar é que o homem não é estúpido. Nada estúpido.
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