quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

2015: BALANÇO

2015 foi um ano muito interessante. Foi um ano em que houve eleições, e os que ganharam afinal perderam e os que perderam afinal ganharam. O nosso primeiro-ministro é conhecido como "mágico" em terras espanholas e serve como "inspirador-mor" para os políticos de toda a Europa. O Benfica foi bicampeão e o treinador foi para o Sporting. Nas comemorações um agente da PSP agrediu um adepto. Foi o escândalo e toda a gente disse que foi uma brutidade e que o homem deveria ir embora. Foi suspenso por 200 dias. Foi o ano em que doentes morreram porque médicos fizeram birras e mais um banco faliu. Foi o ano em que o Syriza entrou idealista e saiu pragmático, O ano em que morreu Manoel de Oliveira e Mariano Gago. O ano em que Froome ganhou o Tour mas que foi assobiado como nunca nenhum foi. E foi o ano dos ataques ao Charlie Hebdo.

Para mim foi mais um ano. Está tudo na mesma. Continuo a viver em Lisboa e a trabalhar em Lisboa. Continuo com as minhas bandas e comprei um clarinete novo. Enfim, tudo na mesma. Foi, ainda assim, um ano melhorzinho que 2014. Estou mais adaptado a Lisboa e a uma nova vida, diferente da que vivi até então.

E venha então 2016. E Deus queira que seja melhor que 2015. Mesmo que não pareça...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

UM TREINADOR À DERIVA

Uma das substituições com as quais aprendi muito sobre futebol foi feita por Ancellotti, ainda treinador do AC Milan. Contexto: jogo da Champions, quartos de final, contra o Lyon. O Milan precisa de marcar um golo e bate contra uma parede que era a defesa do então campeão francês.

Por aquelas alturas, o Milan tinha um meio-campo com Pirlo, Gattuso, Seedorf e Kaka. De luxo, como era unânime. Empate 0-0 na primeira mão, e a 10 minutos do fim 1-1. Ou seja, passava o Lyon. Ancellotti "passa-se" e tira Gattuso e mete um senhor chamado Maldini a fazer companhia a Costacurta e a Nesta. O Milan passa a dominar o jogo mais assertivamente e marca o 2-1 e posteriormente o 3-1 pelos dois avançados do costume - Shevchenko e Inzaghi.

A ver o jogo, à partida, fiquei estupefacto. Não parecia fazer sentido nenhum. A precisar de ganhar o jogo tira o trinco e mete um central. De repente, faz-se luz. O Milan passa a jogar com 3 defesas, Khaladze passa para o meio campo, Kaka fica muito mais solto e os lances de perigo avolumam-se. Os "strikers" do costume não perdoaram e o Milan passou. Ancellotti deu uma lição de táctica a Houllier, então treinador do Lyon. Lyon que contava com Diarra, Malouda, Wiltord, e Govou, com um senhor chamado Abidal a comandar a defesa. Não eram toscos nenhuns, note-se.

Lembrei-me hoje desta substituição quando vejo Lopetegui a fazer as dele. Enquanto a de Ancellotti fazia sentido, estas não eram alterações estratégicas, mas sim as de um homem em desespero de causa. Vejamos, tira Danilo para meter Ruben Neves. Depois tira Corona e mete André Silva e por fim tira Layun e mete Varela.

Comecemos pelo princípio. Tira Danilo e mete Ruben Neves. Era um dos jogadores ideais para entrar. Ruben Neves consegue fazer circular o jogo de um lado ao outro do campo e tem uma boa capacidade de passe. Tira o homem responsável pelos equilíbrios do meio-campo. Poderia, por exemplo, ter tirado Marcano ou Indi, centrais que estavam nitidamente a atrapalhar-se um ao outro, com tamanha falta de trabalho. Seria mais que suficiente ter Danilo e um central, mais um dos laterais a fechar quando necessário.

A seguir tira Corona e mete André Silva. O Porto precisava mesmo de um segundo avançado. Aboubakar sozinho na frente é pouco, e com o tempo a passar, uma "ajudinha" ali na frente era mesmo necessária. Mas tirar Corona? Um dos fantasistas na frente, que poderia ajudar a criar desiquilíbrios? Porque não Herrera (ou André, mas o mexicano era o que estava a fazer uma exibição mais pobrezinha, apesar do golo)?

E por fim tira Layun e mete Varela. No desespero. Nitidamente. Mete mais um homem para a frente de ataque. Em desespero, pode ser. E tira quem? O defesa esquerdo. Parece cópia. Toda a gente tira o defesa-esquerdo. A não ser que Layun seja o marcador dos livres. E dos cantos. E de todas as bolas paradas que possam aparecer perto da área. Ou seja, numa altura em que se vai subir a pressão, e mais faltas e cantos podem surgir, tira-se do campo o principal marcador das bolas paradas.

Ou seja, desde Janeiro o FCP passa de primeiro para terceiro. O último treinador que tinha uma confiança cega que iria ser campeão nem sequer acabou a época. Está mais que desculpado porque tinha um plantel que era uma miséria. Este não. Por vários motivos. O mais marcante é o de não perceber nadinha de futebol.