domingo, 25 de setembro de 2011

UMA GERAÇÃO CULPADA...

«Perto dos 70 anos, no fim de um Verão em que Portugal deu de si um espectáculo triste, é a altura de perguntar o que a minha geração, que chegou à idade adulta com o "25 de Abril", fez da famosa liberdade tão esperada durante Salazar e Caetano. Para começar, e de acordo com alguns militares sem letras, tentou tudo para a suprimir. Com poucas excepções assistiu calada, ou mesmo se juntou, à louca procissão do PREC, em nome de uma doutrina que não percebia e de uma sociedade em que nunca aceitaria viver. Esta demissão e esta vergonha ficaram para sempre. A ausência do que tinha sido o movimento estudantil entre 1960 e 1974 no Governo e nos partidos entregou o poder a uma série de arrivistas, que não o tornaram a largar. Quem se perdera pelo grotesco labirinto da esquerda bem pensante por uns tempos desapareceu. O "cavaquismo", aliás, dispensava um pessoal democrático e até a política. Um vago resto do PS sobrevivia (bastante mal) à volta de Soares, que se conseguira eleger Presidente da República, e o que sobrava, disperso e desmoralizado, caíra numa absoluta irrelevância. Muita gente (de esquerda e de direita) emigrou, às vezes definitivamente, para a vida privada ou para a máxima sinecura da "Europa". O "novo" Portugal acabou por nascer e crescer à revelia da minha geração: no Estado, nos partidos, na sociedade. Não era o Portugal que tínhamos querido, nem sequer um Portugal de que pudéssemos gostar. A "história" passara por nós, confusamente, deixando uma prosperidade duvidosa e uma desordem íntima e eufórica, que nos repelia e a que, de qualquer maneira, não pertencíamos. O que veio a seguir - Guterres, Barroso, Santana - não melhorou as coisas. Fora dos partidos não havia nada e ninguém aos 50 ou 60 anos se iria meter na guerra sectária em que eles se gastavam. A posição "decente", e quase unânime, estava em não se meter nessa trapalhada, fosse sob que pretexto fosse. Até porque, no intervalo, uma invasão de oportunistas, com mais força e muitíssimo mais zelo, tapava a boca e o caminho ao mínimo sinal de responsabilidade ou de inteligência. O regime de Sócrates não emergiu por acaso; emergiu desta terra já bem preparada para a corrupção e o arbítrio. Nessa altura, a minha geração só servia para propósitos decorativos. Via e lamentava o desastre que se ia preparando. Mas raramente lhe ocorreu que ela própria também era culpada.»

Vasco Pulido Valente, Público

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PEDRO PASSOS COELHO - ENTREVISTA

Fez uma entrevista positiva, com coisas boas. A melhor delas todas é que não vai à Madeira, em altura de eleições, o que é bom para não misturar as coisas, e que não pactua com aquilo que fez Jardim. E sim, já eram horas de se tomar uma posição de (alguma) força com aquele senhor, que passa a vida a dizer que a Madeira pode ser independente, mas que depende mais do continente que muito boa gente.

Numa entrevista cerradinha, onde o entrevistador, que esteve bem, não deu muito descanso, Passos teve todo o tempo para responder às perguntas efectuadas, e algumas incómodas, e foi claro a responder, não me recordando de ter fugido a questões (mas quem se lembrar que o diga...) e disse que caso a Grécia dê o badagaio, podemos ter de pedir um novo empréstimo à troika e também a hipótese de existirem rescisões amigáveis na Função Pública.

Uma boa entrevista, bem diferente dos tempos de Sócrates...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

UMA SEMANA POSITIVA

Pode-se dizer que sim, que foi uma semana muito positiva. O Porto ganhou, o Benfica não perdeu, o Braga e o Sporting ganharam. Boas notícias de quem preza bõas classificações nos rankings internacionais de classificação para as Competições Europeias.

O Governo anda a conseguir cortar despesa e já vai poupar em 2012 mais 100 milhões de euros. Que junte mais mas quantas parcelas destas e consegue ir cortando nas "gorduras" que o nosso Estado vao conservando. Um bom debate quinzenal onde Seguro estragou tudo no fim, com aquela "proposta" que Miguel Macedo, antigo líder da bancada do PSD tinha proposto uns meses antes. Para quem quer um novo PS, parece esquisito. Além de que o novo Governo tem meses e ainda tem muito trabalho para fazer.

Fui admitido a mestrado em Finanças e Contabilidade na UTAD e sou Candidato Suplente no Minho. Positivo, tendo em conta que estava à espera de pior.

Uma semana positiva.

P.S.: Na UTAD estava previsto os resultados estarem publicados dia 14 de Setembro. Sairam quase às 20h desse mesmo dia. No Minho estava previsto saírem dia 19. Saíram dia 16, hoje. Diferenças...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

NOVAS OPORTUNIDADES

Milagre de Sócrates. Em pouco mais de 3 anos tornamo-nos um dos países com maior percentagem de conclusão do Ensino Secundário!

Agora vamos mesmo analisar o milagre. Segundo esse mesmo estudo, depreende-se que as Novas Oportunidades são fundamentais para que tal número, que não tenho preciso, se atinja.

Ora, ja toda a gente sabe qual a minha opinião sobre as Novas Oportunidades. São um bom meio para se atingir algo que pelas vias normais não se atingia. Lembro-me do caso da Vanessa Fernandes (que é feito dela, alguém sabe?), que aderiu a este programa e fez o Ensino Secundário graças à conclusão de à volta de 10 trabalhos. É isto o exemplo de rigor?

Tudo isto leva-me a concordar com PPC quando disse que certificava a ignorância. Porque conheço pessoas que concluiram estes programas, mas que sei que se fosse pela via escolar tradicional não seria tão fácil, ou mesmo possível, de atingir. Se calhar até pode nem ser em todos os lados, mas que é na sua maioria, isso acredito que sim. Daí que, de repente, apareçam números desta estirpe.

Conclui-se que o governo Sócrates governou com ênfase especial nas estatísticas. Pelo menos assim parece, porque não acredito que todos os formandos deste programa saiam com as competências mínimas do respectivo ano de escolaridade.

Agora temos dois caminhos possíveis. Continuamos na via do facilitismo, nesta via que seguimos, e temos mais estatísticas ideais, mas fictícias, ou então seguimos por outro caminho, mais dificil, optando por mais exigência nesses programas. Mais dificil, porque é possível que haja mais desistências, o aproveitamento seja menor. Mas mais verdadeiro, porque é mais realista. Em consciência prefiro mesmo o segundo...

SRA DA PENA

Só mesmo para dizer que é uma festa horrível. Faz-me lembrar eu quando como batatas com bacalhau cozido, que quero comer tudo e mais alguma coisa e depois fico com dores de estômago. Ali é igual. Querem fazer tudo e não fazem nada. Resultado. Uma confusão dos diabos e um desperdício de dinheiro. Pergunto só mesmo por curiosidade, para que é que vão dar dinheiro às bandas, se depois nem condições existem para que elas se ouçam? Definitivamente, uma festa para esquecer.

De notar que o potencial para ser uma festa a todos os títulos notável é excepcional.

Festa? Não, feira. E de que maneira!!!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

ENTREVISTA

Foi uma bela de uma salsada, a não ser que se estivesse bem atento. O que era bem desnecessário. Bastaria fazer uma entrevista em diferido, com as legendas e era escusado fazer-se estas coisas... Mas o directo é sempre mais bombástico, não é???

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ACORDO ORTOGRÁFICO

Só mesmo para dizer que é mais uma voz, a acrescentar às muitas, que se manifestam contra o novo Acordo Ortográfico. Eu sou mais uma, porque acho um perfeito disparate e a justificação um disparate maior...mas pronto.

Inês Pedrosa, ao Correio da Manhã:

Correio da Manhã –É contra a aplicação do novo Acordo Ortográfico?
Inês Pedrosa – A minha discordância profunda deve-se ao facto de aquilo que o move, que é uma suposta unificação ortográfica, na verdade não se verificar. É uma coisa ignorante. No termo ‘recepção’, por exemplo, à luz do novo acordo perde-se o ‘p’, mas os brasileiros mantêm--no porque o lêem.
– Falha, portanto, o seu principal objectivo...
– Sim. Gastou-se muito tempo e dinheiro para um acordo que não funciona. E era preciso contabilizar isso... Há palavras que perdem a referência ao latim, algo que nos permitia perceber a etimologia. O novo acordo é, no fundo, completamente inútil.
– Mas vai agora ser aplicado nas escolas.
– Sim. Os alunos vão aprender a nova ortografia, e o que vai acontecer é que se vai deitar livros fora e as pessoas vão deixar de saber escrever. Li o texto do acordo e posso dizer que dificulta a compreensão da língua.
– Está habituada a ler à luz das novas regras?
– Não perturba a leitura. Há diferenças. Tenho lido jornais que seguem o novo acordo, mas há um empobrecimento da língua.

AS MODALIDADES PORTUGUESAS PRECISAM DE "PLANOS DE BASE" COM URGÊNCIA!!!

Ao som da Banda de Vilela, uma das melhores do país, leio n' "A Bola" que Portugal perdeu "por culpa própria" (palavras do seleccionador nacional...) contra a Polónia. Culpa de um parcial de 13-0 no 3º período que desbaratou uma vantagem de 7 pontos adquirida na primeira parte do jogo.

Face a isto, leio mais abaixo e constato que se verificou uma dificuldade na gestão dos jogadores, com vista a manter uma equipa equilibrada e competitiva nos 40 minutos de jogo.

É simples. E por isso deixei de ver jogos de basquetebol português e vejo os da NBA com todo o gosto. Porque para ver os americanos, vejo os melhores, na melhor liga do mundo. Simples. Não é?

O problema é que em Portugal aposta-se pouco na formação. E aposta-se pouco nos jogadores portugueses. Um problema comum a todas as modalidades. O problema é que, se no futebol temos Ronaldo, Nani e muitos outros de qualidade indiscutível, no futsal temos Ricardinho, Joel e Cardinal, e mais uns poucos de boa qualidade, nas outras modalidades isso não existe. No Hóquei temos alguns, muito poucos, e mesmo o FCP que brilha nas competições europeias assenta a sua base em jogadores estrangeiros (Bosch, Pedro Gil, só Ventura escapa...). Andebol? Basquetebol? Quem temos de classe mundial? Quem temos que leve a equipa ao colo e que assuma as coisas quando não estão a correr bem? E depois queixamo-nos de que as Selecções não ganham...

Por isso me lembro de Queiroz e do seu injusto despedimento da Selecção. Porque acredito que esta Selecção de Sub20 com a qual vibramos na Colômbia resulta de um trabalho de base promovido por ele e que funcionou. Porque os Sub21 há anos que não ganham nada e não temos nada desde a fornada de Moutinho e Veloso e outros que bem sabemos.

Por outro lado temos as noticias a dizer que temos excesso de obesos em Portugal. Falta de exercício físico, não do exercício dos polegares nos PC's e Playstations...

E constato que há falta de incentivo à prática de desporto em Portugal. E a culpa é primeiramente das Federações das respectivas modalidades. Deveria haver um plano com vista ao incentivo à prática das modalidades. E isso não aparece. A acrescentar a isto, deveria haver uma obrigação dos clubes em apostar em jogadores nacionais. Perda de qualidade? Sim, a curto prazo e se as coisas não forem bem feitas, mas a longo prazo, a qualidade aparecerá e os bons jogadores aparecerão também.

Tudo isto se resolve, como dizia Queiroz, com um plano de base. A longo prazo. Incentivando a aposta nas camadas jovens. Nas diversas modalidades. Não acredito que em Portugal só haja azelhas e meia dúzia de habilidosos para dar uns pontapés numa bola. Deve haver gente habilidosa para as outras modalidades. É necessário captar jogadores para a prática das diversas modalidades. Depois safamo-nos com Evans (americano...) a jogar na Selecção e outros que tais...até eles durarem...que não duram para sempre!!! E depois? Quem substitui? Quem entra?

Claro que para isso é necessário haver infra-estruturas. E essas são importantíssimas. E cabe às autarquias também entrar com alguma coisinha. Em vez de casas e mais casas, então criar mais condições para as modalidades. Lembro-me que a Selecção de Rugby, a única não profissional a participar num Mundial há bem pouco tempo, teve que ir trabalhar com os fuzileiros porque a Federação não tinha espaços em condições para a preparação decorrer de forma adequada.

Tudo exige um "plano de base" para que as coisas decorram de forma adequada. Porque tudo vem do planeamento e decorre a partir daí. Porque se os clubes apostassem na formação, não havia tantos clubes à beira da falência. Fazendo um paralelismo às bandas de música, se não houver formação e a banda só sobreviver com músicos de fora a ganhar muito dinheiro. as bandas não sobrevivem por muito tempo. O mesmo se passa no desporto português. Somos um país de poucos recursos e por isso exige-se imperiosamente uma aposta na formação. Que não vai dar resultados imediatos, mas que a longo prazo vai dar os seus frutos.

Toda esta aposta requer "planos de base". Específicos. Para que as diferentes modalidades evoluam. E para que não nos desiludamos constantemente com as nossas selecções. Isto não é culpa dos treinadores. É uma questão ESTRUTURAL que precisa de ser corrigida. O QUANTO ANTES!!!