sexta-feira, 2 de setembro de 2011

AS MODALIDADES PORTUGUESAS PRECISAM DE "PLANOS DE BASE" COM URGÊNCIA!!!

Ao som da Banda de Vilela, uma das melhores do país, leio n' "A Bola" que Portugal perdeu "por culpa própria" (palavras do seleccionador nacional...) contra a Polónia. Culpa de um parcial de 13-0 no 3º período que desbaratou uma vantagem de 7 pontos adquirida na primeira parte do jogo.

Face a isto, leio mais abaixo e constato que se verificou uma dificuldade na gestão dos jogadores, com vista a manter uma equipa equilibrada e competitiva nos 40 minutos de jogo.

É simples. E por isso deixei de ver jogos de basquetebol português e vejo os da NBA com todo o gosto. Porque para ver os americanos, vejo os melhores, na melhor liga do mundo. Simples. Não é?

O problema é que em Portugal aposta-se pouco na formação. E aposta-se pouco nos jogadores portugueses. Um problema comum a todas as modalidades. O problema é que, se no futebol temos Ronaldo, Nani e muitos outros de qualidade indiscutível, no futsal temos Ricardinho, Joel e Cardinal, e mais uns poucos de boa qualidade, nas outras modalidades isso não existe. No Hóquei temos alguns, muito poucos, e mesmo o FCP que brilha nas competições europeias assenta a sua base em jogadores estrangeiros (Bosch, Pedro Gil, só Ventura escapa...). Andebol? Basquetebol? Quem temos de classe mundial? Quem temos que leve a equipa ao colo e que assuma as coisas quando não estão a correr bem? E depois queixamo-nos de que as Selecções não ganham...

Por isso me lembro de Queiroz e do seu injusto despedimento da Selecção. Porque acredito que esta Selecção de Sub20 com a qual vibramos na Colômbia resulta de um trabalho de base promovido por ele e que funcionou. Porque os Sub21 há anos que não ganham nada e não temos nada desde a fornada de Moutinho e Veloso e outros que bem sabemos.

Por outro lado temos as noticias a dizer que temos excesso de obesos em Portugal. Falta de exercício físico, não do exercício dos polegares nos PC's e Playstations...

E constato que há falta de incentivo à prática de desporto em Portugal. E a culpa é primeiramente das Federações das respectivas modalidades. Deveria haver um plano com vista ao incentivo à prática das modalidades. E isso não aparece. A acrescentar a isto, deveria haver uma obrigação dos clubes em apostar em jogadores nacionais. Perda de qualidade? Sim, a curto prazo e se as coisas não forem bem feitas, mas a longo prazo, a qualidade aparecerá e os bons jogadores aparecerão também.

Tudo isto se resolve, como dizia Queiroz, com um plano de base. A longo prazo. Incentivando a aposta nas camadas jovens. Nas diversas modalidades. Não acredito que em Portugal só haja azelhas e meia dúzia de habilidosos para dar uns pontapés numa bola. Deve haver gente habilidosa para as outras modalidades. É necessário captar jogadores para a prática das diversas modalidades. Depois safamo-nos com Evans (americano...) a jogar na Selecção e outros que tais...até eles durarem...que não duram para sempre!!! E depois? Quem substitui? Quem entra?

Claro que para isso é necessário haver infra-estruturas. E essas são importantíssimas. E cabe às autarquias também entrar com alguma coisinha. Em vez de casas e mais casas, então criar mais condições para as modalidades. Lembro-me que a Selecção de Rugby, a única não profissional a participar num Mundial há bem pouco tempo, teve que ir trabalhar com os fuzileiros porque a Federação não tinha espaços em condições para a preparação decorrer de forma adequada.

Tudo exige um "plano de base" para que as coisas decorram de forma adequada. Porque tudo vem do planeamento e decorre a partir daí. Porque se os clubes apostassem na formação, não havia tantos clubes à beira da falência. Fazendo um paralelismo às bandas de música, se não houver formação e a banda só sobreviver com músicos de fora a ganhar muito dinheiro. as bandas não sobrevivem por muito tempo. O mesmo se passa no desporto português. Somos um país de poucos recursos e por isso exige-se imperiosamente uma aposta na formação. Que não vai dar resultados imediatos, mas que a longo prazo vai dar os seus frutos.

Toda esta aposta requer "planos de base". Específicos. Para que as diferentes modalidades evoluam. E para que não nos desiludamos constantemente com as nossas selecções. Isto não é culpa dos treinadores. É uma questão ESTRUTURAL que precisa de ser corrigida. O QUANTO ANTES!!!

2 comentários:

  1. Pedro, quanto ao rugby e aos fuzileiros, eles não foram lá parar porque a federação não tinha condições mas sim por opção do Tomaz Morais. Eles fizeram a sua preparação com os fuzileiros para aumentar a sua força psicológica e para ganharem outro tipo de garra. Tanto que os escalões de sub 19 e sub 20 das selecções nacionais de rugby tambem faziam a sua preparação com eles.

    Agora quanto ao problema referido no artigo, é muito simples: falta capacidade financeira. Falta atractividade nas ligas para a atracção de patrocinadores e falta exposição.
    Dou-te um exemplo: como referido, Portugal esteve em 2007 no mundial de rugby, no entanto quantos jogos tiveste a passar em canal aberto? 0! E sendo uma modalidade com muitos poucos praticantes, é de dar valor ao trabalho que nos últimos anos a federação tem vindo a fazer com os centros de treino norte, centro e sul. Aos poucos, conseguiu-se que em Portugal se chegasse aos 5500 federados. Comparado com o futebol é muito pouco, mas dada a sua exposição mediática, é muito bom!

    Quanto aos estrangeiros, é simples, ajudam a aumentar o nível técnico da equipa. Os estrangeiros que vem para Portugal jogar rugby, acabam sempre por treinar os escalões de formação ou até as próprias equipas, transmitindo conhecimentos e saberes a jovens que de outra maneira demorariam anos e anos a desenvolverem essas mesmas capacidades...

    Para modalidades amadoras ou de pouca exposição, é isso que vai fazendo diferença...

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  2. Caro Luís:

    Independentemente de ter sido uma opção do Tomaz Morais, não deixa de ser um tanto ou quanto "surreal"...

    Apesar de tudo, não sou contra os estrangeiros nas equipas portuguesas, bem pelo contrário. Contudo, o problema do basquetebol é que dependemos dos estrangeiros e não temos portugueses de qualidade em numero suficiente. Basta atentar nas palavras do seleccionador no fim do jogo contra a Polónia.

    Faltam condições financeiras? Faltam, e isso é compreensível. Mas, neste caso, porque não proceder a um incentivo a que hajam mais jogadores nacionais nas equipas? Por exemplo, através de um limite a jogadores extra-comunitários...assim incentiva-se a uma aposta na formação, além de que os planteis ficam mais baratos. Reafirmo, não sou contra os estrangeiros nas equipas, sou contra O EXCESSO de estrangeiros nas equipas.

    E quanto aos números do Rugby e do número de jogadores federados, é por essa via que as outras federações devem ir. Porque só assim se garante a sustentabilidade das modalidades a medio e longo prazo...

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