Não fui um apologista da sua nomeação, apesar de saber, já na altura com os meus 15/16 anos, que seria provavelmente o sucessor de João Paulo II na cadeira mais importante do Vaticano. Todos os testemunhos que se diziam, e todas as considerações que se faziam sobre ele e sobre o que ele era, levavam-me a acreditar que seria um retrocesso na Igreja Católica e na sua abertura ao mundo levada a cabo por João Paulo II (o primeiro Papa a entrar numa Mesquita islâmica...).
O homem de gabinete que ele era demorou muito tempo a perceber que o facto de falar para mais gente, ou melhor dizendo, muito mais gente, o deveria impedir de cometer certas gaffes que levaram à ira de outras religiões, muitas vezes injustificadamente. O homem inteligente percebeu isso e moderou a sua forma de linguagem. O homem de gabinete era muito pouco relacionado com as pessoas, e o homem inteligente adaptou-se (não sendo tão "próximo" das pessoas como o seu antecessor, claro) e conseguiu minimizar essa forma de estar.
É essencialmente uma pessoa racional. E como tal tentou fazer o mais possível a ponte entre a Ciência e a Religião, fazendo-o com alguma eficácia. Continuou o trabalho do seu antecessor na abertura às outras religiões, não deixando de manter a sua personalidade.
O facto de o seu pontificado ter ficado "manchado" pelos escândalos de pedofilia e a forma como lidou com eles é um ponto a favor.
Contudo, o facto de ter sabido sair a horas (ao contrário de muito boa gente que nós sabemos...) é um comportamento assinalável. Ao contrário do temperamento latino, de ficar até à última, ele fez a coisa mais correcta, ainda que menos usual. Resignou, e o próximo que vier, que vai ter mais condições físicas do que ele, que faça um bom trabalho.
Como sempre, já há apostas para o sucessor de Bento XVI. Para mim vai ser africano. Por dois motivos: primeiro, equilibrar a balança entre a América do Sul, tão em voga, e África, como continentes em alto desenvolvimento; segundo, por isso mesmo, África está em grande desenvolvimento, mas continua com grandes desigualdades e com muita instabilidade, e um Papa africano poderá minimizar esse problema.
E como a Igreja quer dar ao mundo uma ideia de que está rejuvenescida, para mim vai ser um Cardeal Africano e jovem. Vai uma aposta?
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