quarta-feira, 5 de novembro de 2014

LICENCIADOS A MAIS?

Angela Merkel disse que temos licenciados a mais.

E pronto. Vem o caos, cai o Carmo e a Trindade e a alemã continua a mandar bitaites sobre Portugal. Porque raio não se dedica ela à Alemanha?

E agora vamos ver se confere ou não o que ela disse.

Convém contextualizar a afirmação. Ela disse isso numa reunião na Alemanha, onde se discutia a formação profissional. Onde se discutiam as vantagens da formação profissional face a uma licenciatura. E depois até comparou Portugal e Espanha que, segundo ela, têm muita gente com "canudo" e que têm taxas de desemprego elevadas face à Alemanha. O que é verdade.

Pelo que me apercebi, ao que parece, em proporção, temos tantos estudantes no Ensino Superior como a Alemanha. A questão está na oferta que existe. E na oferta que NÃO existe. A reforma de Veiga Simão, além de massificar o Ensino Superior (e principalmente na vertente mais técnica - com os Institutos Politécnicos) dava uma importância enorme a formação de técnicos que pudessem ser importantes, mesmo que não tivessem formação superior. O mesmo que acontece na Alemanha.

No nosso caso, dos desempregados, a maioria é jovem. Ou seja, faz parte da geração mais bem preparada de sempre, como se costuma dizer. Fora todos aqueles que já saíram. E será que, a maioria deles, com o canudo que não lhes adianta de muito, se tivessem uma formação profissional, não poderiam ter um emprego em Portugal? Não se discute a qualidade da formação (afinal, se vamos lá para fora e damos cartas é porque somos bons e a nossa formação é boa, ponto final) mas sim se a oferta de formação é a mais adequada.

E nesse aspecto, entre aquilo que formamos e aquilo que empregamos, estamos a ter muitos problemas. E é nisso que nos devemos focar. E nesse aspecto, ao não conseguirmos empregar muitos dos nossos formados, acabamos por nos confrontar com um excesso de licenciados. Pelo menos em algumas áreas. E falta deles noutras. E outros que dificilmente irão encontrar trabalho nas áreas em que se licenciaram. Então sim, temos licenciados a mais.

Agora temos duas hipóteses: reclamamos com Merkel ou resolvemos o nosso futuro. Eu prefiro a segunda.

A BRIGADA DO REUMÁTICO... PERDÃO, DOS RESGATES

Esta semana foi notícia a tentativa de compra da PT (que pertence à Oi) por parte de uma série de empresas. É uma empresa apelativa, com uma boa implantação em Portugal.

Ora, os "manifestos" não se fizeram esperar. São sempre os mesmos, as mesmas pessoas, que cada vez menos influência têm no país, felizmente!, e que insistem em querer dar a sua opinião sobre tudo. São as eminências pardas deste país que se autorizam a dar opiniões sobre tudo. E insistem que toda a gente os siga.

Esta semana insistiram que o Estado deveria comprar a PT. Valeu tudo. Trocar as PT's em questão (Freitas deu um espectáculo deplorável, no mínimo) ou então dizer que o Estado deveria incentivar empresários portugueses, através da CGD ou pelo Novo Banco, ou então aproveitar os excedentes da renegociação dos juros para comprar os 33,34% da PT. Presumo que seja para criar mais uma "Golden Share" com tudo aquilo que se conhece.

Se há coisa que se noticiou por estes lados foi o efeito da intervenção estatal nas empresas públicas, das quais a PT e a EDP foram os casos mais conhecidos. A contínua destruição de valor, por meros interesses e negociatas é algo por demais conhecido. E algo que é para evitar a todo o custo.

Se há algo que a Troika trouxe a Portugal, e não Pedro Passos Coelho (que se limitou a ir a reboque), foi uma mudança nas bases, por assim dizer, do regime. Em que as mesmas pessoas de sempre se autorizavam a mandar os bitaites de sempre e toda a gente os ouvia com toda a atenção e reverência. Aos poucos a coisa foi mudando e agora é vê-los a espernear. E a escrever manifestos por todo e qualquer assunto.

Faz lembrar a parte final do regime de Marcello Caetano. Com as tropas a rebeliarem-se, não seriam os Generais a garantir que tudo continuaria bem. Como não continuou. E estes imitam essa brigada na perfeição.