sábado, 24 de setembro de 2016

PORTO X BOAVISTA

Meu caro Nuno Espírito Santo,

Quero desde já congratulá-lo pela vitória frente ao Boavista. É sempre um adversário complicado e, contra o Porto ainda mais, porque é sempre um derby e um derby é sempre para ganhar.

Confesso que não vi o jogo. Só li análises muito superficiais e ia acompanhando os melhores momentos pelo Facebook. Pelo que constato, finalmente compreendeu aquilo que o espera. E espero que tenha compreendido que a dispensa de Gonçalo Paciência foi um erro muito grave que terá que ser corrigido na próxima época.

É mais que óbvio que, a nível interno e contra adversários mais fracos na Champions, o Porto terá que jogar em 4x4x2. Mas não pode jogar com André Silva e Depoitre na frente. Os dois, apesar de terem diferentes características, são dois "nº 9". Logo, mesmo que se queira muito, eles não casam bem no mesmo onze. Quando muito, isso pode acontecer em casos de desespero e de "bola para a frente". Mas, na maioria dos casos, isso dificilmente acontecerá.

Logo, terá que jogar alguém com características de segundo avançado. Um pouco como Bryan e Bas Dost no Sporting e Jonas e Mitroglou no Benfica. Nós teremos que nos desenrascar com Adrian e André Silva. A propósito, se calhar Bueno também daria um certo jeito. Lopetegui, dos jogadores que trouxe que não são "murraça", até pensou bem. Casimiro e Óliver, Adrian e Bueno. Bons para 4x4x2. Azar dos diabos que ele jogava em 4x3x3. Ele não percebia mesmo nadinha dsto.

E esse segundo avançado terá que ser, que remédio!, Adrian Lopez. Ele não me parece mau de todo, afinal até jogava muitas vezes no Atlético de Madrid, mas terá que ter mais rodagem. E terá que jogar mais vezes.

De resto, meio campo com Oliver e Danilo (os jogos primeiro ganham-se e depois é que se poupam jogadores!) André André a equilibrar numa ala e Octávio a desequilibrar na outra. A defesa é esta (as rotinas ganham-se na pré-época, certo?) e a coisa tem tudo para correr bem.

E sim, quando estiver a notar que está a ser prejudicado queixe-se! Mais uma vez parece que fomos prejudicados. Hoje não fez falta, mas um dia destes até pode fazer. Relembre-se sempre disto: vai depender da sua capacidade de liderança suprir as faltas de uma estrutura que, é assumido, já viveu melhores dias.

Continuação de bom trabalho.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

TONDELA X FC PORTO

Nuno,

Vou directamente àquilo que considero que não correu bem e/ou que não foi bem feito. Houve alguns problemas que, a esta hora, já deveriam estar a ser evitados. Confesso que só ouvi o jogo pela rádio, pelo que só tenho presente o relato do jogo e nada mais.

Voltou a dar-me ouvidos e voltou a jogar em 4x4x2. Este é o sistema a usar neste tipo de jogos. Em 4x3x3 estaríamos a engonhar sem necessidade nenhuma. Contudo, ainda não se apercebeu que André Silva e Depoitre são os dois para a posição 9 e nenhum deles serve para segundo avançado? Adrian Lopez foi que nem mel para tentar resolver o assunto. Assim que entrou, a quantidade de oportunidades de golo disparou.

Continuando, tem que estabilizar. O plantel não é o melhor dos três grandes. Correctíssimo. Mas tem que estabilizar. Andar a mudar muito de jogo para jogo foi aquilo que Lopetegui fazia e que não resultava. Não sei porquê, mas a entrada de Boly pôs a defesa em cheque e, para além disso, tirar Danilo é mexer 2 em 4 (GR, os DC e o MDC), o que não ajuda a estabilizar a coisa. Não é que eles sejam maus, mas mexer muito não ajuda a dar segurança. E o senhor sabe disso.

No meio, André André conseguiu a incrível proeza de fazer mais um jogo completo. O rapaz tem a raça portista, é certo, mas a qualidade, Nuno, permita-me, fica um bocadinho aquém. E hoje, o Porto precisava de mais qualidade no passe. Logo, deveria ter entrado Óliver. Brahimi ajudou a desequilibrar e Octávio hoje não estava tão inspirado. Após tudo isto, pergunto: qual era o problema de mudar tudo ao intervalo. Quando mudou, fê-lo bem, mas já se tinham perdido mais de 15 minutos. E, se calhar, com mais 15 minutos assim até poderíamos ter marcado e disfarçado os problemas. A propósito de qualidade de passe, que é feito de João Teixeira?

Depois, aquilo que me pareceu um bocado idiota. Na primeira parte, porquê atacar com o sol a bater nos olhos? Era na primeira parte que se deveria ter matado o jogo. Logo, teríamos de ter jogado ao contrario! Não houve nenhuma alma caridosa que dissesse ao Ruben Neves a forma como, se possível, deveríamos ter começado a jogar?

Para terminar, hoje a atitude não foi a mesma de outros dias. Hoje perdemos os duelos físicos todos e houve gente que não teve muita vontade de correr. Robson, noutros tempos, depois de um jogo menos conseguido, mandou os jogadores treinar no fim do jogo. Isso, por exemplo, teria sido de valor, e penso que o Tondela não se importaria de ceder o relvado por mais duas horas. Lembra-se de ter dito, na conferência de imprensa que o Porto não ficaria atrás do Tondela em atitude? Não pareceu...

Por fim, gostei da sua performance na flash interview. Sem complexos, disse que não gostou e eu, e penso que todos os portistas, concordamos consigo. Agora, falta transportar isso para o jogo. E sim, estes jogos são mesmo para ganhar e não há volta a dar. Hoje perdemos dois pontos que nos poderão fazer falta no futuro.

Termino, como sempre, relembrando-o que a estrutura já não é o que era. Lembre-se que será a sua capacidade de liderança que fará a diferença entre as coisas correrem bem ou não. E hoje, penso, a sua forma de conduzir a equipa não foi a mais adequada. E, como tal, hoje as coisas não correram bem. Deu para reter.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

FC PORTO X COPENHAGA

Meu Caro Nuno,

Começo por constatar que não percebeu nada daquilo que o último jogo, contra o Vitória de Guimarães, lhe tinha trazido. Foi, na minha opinião, o melhor jogo da época e merecia que tivesse tido continuidade no jogo de hoje. E, para ter continuidade, não deveria ter havido mudanças no onze que entrou face ao último jogo. Pelo contrário, mudou, e mudou não só o sistema como meteu um jogador que, em 4x3x3 não rende tanto como poderia render em 4x4x2.

Comecemos pelo princípio. Os problemas de sempre mantiveram-se. O nosso avançado estava sempre fora de sítio, a procurar espaços que não conseguia encontrar na área. O pinheiro chegou tarde, e, como previsível, quando chegou não servia para muito, uma vez que os dinamarqueses também eram altos. O pinheiro deveria ter entrado logo ao princípio para ir fazendo mossa no ataque. 

Convenhamos que o golo cedo ajudou a disfarçar as coisas. Mas, contra o Copenhaga, como contra outra equipa mais fraca, ter tanta gente no meio campo, em vez de ajudar, atrapalha. E foi o que aconteceu. Aquilo não desandava. A objectividade do 4x4x2 de Sábado perdeu-se pelo caminho. E Marcano, mais uma vez, provou-se que, quando posto à prova, é um perigo. Onde anda Boly? Se é pior, porque veio?

Resumindo - para estes jogadores, o sistema ideal é o 4x4x2. E Herrera, se ele tem que jogar, tem que se lhe dar espaço para ele fazer o que sabe melhor, que é correr com a bola nos pés. Por isso é que ele brilha tanto quando temos que jogar em ataque rápido. Correr com a bola nos pés é com ele. Se não quer assim (eu até gosto) então tem que o meter no banco. Corona foi inconsequente. Mas penso que poderia ajudar bastante em 4x4x2 como avançado móvel. Porque não experimentar?

Terceiro ponto: Ruben Neves. É um crime um jogador destes não jogar. Já sabe a minha opinião: Danilo a central e Ruben Neves a médio. Ou seja, resumindo: Casillas, Layun, Felipe, Danilo, Telles, Ruben, Herrera, Oliver, Octavio, André Silva e Depoitre. Adrian tem que chegar como alternativa até Dezembro e Corona pode ser a quarta alternativa. A equipa B tem que servir de viveiro.

E hoje, do banco, nem sempre veio a mudança correcta. Depoitre tinha que ter entrado logo, juntamente com Brahimi (pareceu-me mais disponível para o jogo, mas muito inconsequente) para tentar dar uma sapatada no jogo mais cedo. Já lhe disse: depende da sua capacidade de liderança que isto corra bem. A estrutura já não é o que era e a passagem de Lopetegui deixou muitas marcas negativas que vão custar a sarar. Gostei, contudo, da análise crítica no final. Não é com paninhos quentes que as coisas se resolvem.

Continuação de bom trabalho.

sábado, 10 de setembro de 2016

FC PORTO X VITÓRIA DE GUIMARÃES

Meu caro Nuno,

Começo por constatar que finalmente me deu ouvidos. Ou pelo menos, ouviu alguém que tem as mesmas ideias que eu. O FC Porto tem que jogar com dois avançados. A música é logo outra, e a equipa ganha muito mais objectividade. É uma questão de hábitos e os jogadores habituarem-se ao sistema e a coisa pode mesmo funcionar. Agora pergunto: a que propósito é que o Gonçalo Paciência foi emprestado? Pois, essa não faz mesmo sentido nenhum.

E gostei de ver Oliver a jogar a 8. Surpreendeu-me, achava que não teria características para tal, mas jogou muito bem, a distribuir jogo e, finalmente, temos um organizador de jogo. Ah!, e o Herrera é para ficar mais vezes onde ficou hoje. Esteve fantástico lá. Sim, na bancada. Só lhe faltou a companhia de André André. Esse tem toda a mentalidade de um jogador "à Porto", mas para jogar, santa paciência, mas nem pense nisso. Ainda para mais com Ruben Neves no banco.

Depoitre e André Silva combinam muito bem e esta é a verdadeira posição de André Silva. Segundo avançado. É vê-lo a criar mossa em todos os lados. É continuar assim. E trabalhar, claro, a finalização.

Por fim, aquilo que não gostei. Como já me ouviu uma vez, vou continuar a tentar outra: Danilo a central e Ruben Neves no meio campo, juntamente com Oliver. E fica feito. Não se iluda com Marcano. Aquilo é um perigo ambulante. Parece o Maldini, mas é só quando não é posto à prova. E Brahimi? Eu não lhe disse que ele não ia sair? Parece que tinha razão. E agora tem de ir fazer uma perninha à equipa B e ganhar juízo. Lá para Novembro a coisa vai ao sítio. Boa estreia de Jota. E Adrian Lopez, assim, vai ter mais espaço.

Pronto. Assim a coisa parece mais composta. Atrás a coisa está negra, mas já deu para ver que os laterais são de jeito. Os miúdos da equipa B que foram emprestados é que poderiam ter ficado no plantel. Agora dariam jeito para uma eventual necessidade. E, se calhar, com Danilo a central, nem será preciso mais ninguém.

O trabalho está começado. Falta o resto. E isso vai, como já lhe disse, depender de si e da sua capacidade de liderança. Apesar de poder ter deixado de haver conflitos dentro da estrutura, isso não significa que seja extremamente fiável como já foi. E isso valoriza muito mais o trabalho do treinador. É principalmente esse o seu trabalho.