Independentemente de ser licenciado em Gestão, na verdade os meus conhecimentos de economia são os mais elementares. Não sou nenhum teórico, aliás, das teorias económicas percebo pouco, e aquilo que domino (ou, melhor dizendo, julgo dominar) advém unica e exclusivamente do senso comum. Esta é a declaração de interesses que julgo ser pertinente fazer.
O Ministro das Finanças disse há dias que, afinal, a execução orçamental deste ano, chegados a Maio, era desapontante face ao esperado, na parte da receita. Diz que a despesa está sob controlo e que, essencialmente, o buraco está na parte da receita (leia-se cobrança de impostos).
Face a isto, vem a esquerda mais radical dizer que vai haver mais medidas de austeridade e que "vai cair o Carmo e a Trindade". Por sua vez o Governo diz que vai fazer aquilo que tem que fazer. O PS espera para ver. E eu acho, honra lhe seja feita, que faz muito bem.
Por dois motivos: primeiro, porque estamos no limite da austeridade. Aliás, já ultrapassámos esse limite (recordar definição da curva do teórico de que não sei o nome que diz que a partir de uma certa altura um aumento de impostos é uma diminuição de receita...). O que leva a que mais impostos não dê em nada, senão em mais sarilho, como aconteceu na Grécia, onde se chegou ao que se chegou. Segundo ponto, porque isso poderia por em causa a retoma do crescimento ainda que muito ténue. E porque acredito que a troika fez a avaliação do que correu mal na Grécia. E uma das coisas foi o sucessivo aumento de impostos que levou a um asfixiamento da economia. Se estamos no limite, no limite deveremos ficar. Se possivel, e inteligentemente, deveremos começar a pensar em baixar selectivamente os impostos. De modo, não a perder receita, mas a subi-la.
Deste modo, alinho na posição de António José Seguro. Mais austeridade não, por favor! Sou contra todo e qualquer aumento de impostos, uma vez que isso não iria resultar em nada, podendo tornar-se, aliás, num grande contra-senso. Deixemos as coisas estarem como estão. Se o défice não for 4,5%, que seja de 5%. Mas que não se relaxe e que seja o mais baixo possível.
Porque não podemos deixar de ter em atenção que o défice de 2011 seria bem mais do que previsto, rondando mesmo os 7% ou mesmo mais. Pelo que temos que ter esse pormenor em consideração. É diferente baixar de 5% do que de 7% ou de 9%. E isso tem que ser considerado. E penso que a troika terá isso em consideração. Levará mais em consideração o cumprimento do plano de reformas do que o défice no final do ano, desde que, como referi, não exista relaxe, apesar de se saber que não se atingirá o previsto.
Mas não se pode matar o doente com a cura. Isso seria "borrar a escrita".
segunda-feira, 25 de junho de 2012
sábado, 23 de junho de 2012
NÃO COMPREENDO...
Acabei de ler o artigo de opinião de José Manuel Fernandes de ontem no Público. E subscrevo.
Finalmente, como sempre defendi, temos um gestor (ou economista, se preferirem chamar-lhe pelo curso que o homem tirou...) a liderar o SNS. Finalmente! Porque a situação de pré-falência a que chegou a isso obrigava. E, claro, teve que fazer alguns cortes. E logo lhe chamam, a ele ou a interposta pessoa, "cangalheiro". Quando toca a meter populismo, qualquer coisinha serve. É por estas e por outras que Louçã, que eu considero extremamente inteligente, não chega a Primeiro Ministro. É pena.
Este é um exemplo daquilo onde eu hoje quero chegar. Durante os últimos 20 anos (sim, com Cavaco incluido...) não fizemos os nossos trabalhos de casa. Não soubemos planear adequadamente o nosso futuro. Deixamo-nos ir à boleia do populismo e à boleia do facilitismo. Resultado: quando quisemos meter um bocadinho de ordem na casa tivemos logo um PR que dizia que "há mais vida para além do défice" (pois há, nota-se agora...e os trabalhos de casa, dr. Sampaio?) e tivemos maneira de mandar os senhores que lá estavam embora para vir mais do mesmo. E chegámos onde chegámos.
Posto isto, quando mais ninguém nos emprestava dinheiro com um risco (leia-se taxa de juro) aceitável, tivemos que pedir emprestado, e por favor, a outros, que só emprestam em último caso. E estes fizeram aquilo que nós não tivemos coragem de fazer: uma listinha de "trabalhos de casa" (leia-se reformas) para nos tornarmos minimamente sustentáveis. Obviamente que esses trabalhos de casa trazem problemas de curto prazo, porque trazem empobrecimento. Mas eu prefiro chamar-lhe redimensionamento. Sim, porque nos estamos a redimensionar ao que temos e isso custa. Mais ou menos como uma família muito rica, que de repente fica com pouco dinheiro. Tem que se ajustar. Aqui, o ajustamento é para 10 milhoes e qualquer coisa de portugueses.
E, durante este ajustamento, aparecem os "culpados" (leia-se responsáveis políticos) que nos levaram a este ponto a dizerem que é necessário um travão. E que é preciso abrandar o rítmo e que é necessário "estimular a economia" (leia-se gastar mais dinheiro). Mas não foi isso que nós fizemos durante este tempo todo? E quais foram os resultados a que chegámos? E a solução é voltar a insistir no erro?
Então dizem que a culpa é de Angela Merkel. Porque não faz os alemães gastar mais dinheiro, porque não permite que se imprima mais moeda, porque não quer que "estimule a economia". Deste modo? Pudera... Já se viu o final desta telenovela e, diga-se de passagem, que não é muito agradável. Ou então a criação dos eurobonds e mais coisas assim, em que principalmente a Alemanha se chega à frente... E Merkel diz, claro, que não, que nem pensar.
E eu dizia, se estivesse no lugar dessa senhora, que só se tiver direito de veto de todos os Orçamentos de Estado dos países que beneficiem com esta decisão é que mudava de opinião. Pois... assim a coisa mudaria de figura... E depois dizia-se que era uma ingerência na soberania dos Estados e outras coisas assim... como se pedir dinheiro emprestado com nome de outro não o fosse...
Pelo que só vejo como saída continuar a fazer o trabalho de casa. E esperar por melhores dias no que toca à envolvente económica europeia e mundial. Ainda ontem o ministro Vitor Gaspar admitiu que a execução orçamental não estava a correr como o previsto. Muito por culpa da receita que foi, para não variar, sobreestimada. Estima-se que já tenha ultrapassado o limiar da curva de um teórico qualquer que dizia que, ultrapassado esse limite, o valor da receita de impostos tenderia, não a aumentar, mas a diminuir. Pelo que o aumento de impostos não é, de modo algum, a solução milagrosa. Esta passa, agora mais do que nunca, pelo corte nas despesas supérfulas do Estado, para mal da classe política instalada. Vamos ver se o Governo é capaz disso.
Pelo que não compreendo quem diz que a culpa disto tudo é de Merkel, e que quem alinha nas mesmas ideias é subserviente. Não. A culpa é nossa e somos nós que temos que sair dela. Quanto mais cedo, melhor.
Finalmente, como sempre defendi, temos um gestor (ou economista, se preferirem chamar-lhe pelo curso que o homem tirou...) a liderar o SNS. Finalmente! Porque a situação de pré-falência a que chegou a isso obrigava. E, claro, teve que fazer alguns cortes. E logo lhe chamam, a ele ou a interposta pessoa, "cangalheiro". Quando toca a meter populismo, qualquer coisinha serve. É por estas e por outras que Louçã, que eu considero extremamente inteligente, não chega a Primeiro Ministro. É pena.
Este é um exemplo daquilo onde eu hoje quero chegar. Durante os últimos 20 anos (sim, com Cavaco incluido...) não fizemos os nossos trabalhos de casa. Não soubemos planear adequadamente o nosso futuro. Deixamo-nos ir à boleia do populismo e à boleia do facilitismo. Resultado: quando quisemos meter um bocadinho de ordem na casa tivemos logo um PR que dizia que "há mais vida para além do défice" (pois há, nota-se agora...e os trabalhos de casa, dr. Sampaio?) e tivemos maneira de mandar os senhores que lá estavam embora para vir mais do mesmo. E chegámos onde chegámos.
Posto isto, quando mais ninguém nos emprestava dinheiro com um risco (leia-se taxa de juro) aceitável, tivemos que pedir emprestado, e por favor, a outros, que só emprestam em último caso. E estes fizeram aquilo que nós não tivemos coragem de fazer: uma listinha de "trabalhos de casa" (leia-se reformas) para nos tornarmos minimamente sustentáveis. Obviamente que esses trabalhos de casa trazem problemas de curto prazo, porque trazem empobrecimento. Mas eu prefiro chamar-lhe redimensionamento. Sim, porque nos estamos a redimensionar ao que temos e isso custa. Mais ou menos como uma família muito rica, que de repente fica com pouco dinheiro. Tem que se ajustar. Aqui, o ajustamento é para 10 milhoes e qualquer coisa de portugueses.
E, durante este ajustamento, aparecem os "culpados" (leia-se responsáveis políticos) que nos levaram a este ponto a dizerem que é necessário um travão. E que é preciso abrandar o rítmo e que é necessário "estimular a economia" (leia-se gastar mais dinheiro). Mas não foi isso que nós fizemos durante este tempo todo? E quais foram os resultados a que chegámos? E a solução é voltar a insistir no erro?
Então dizem que a culpa é de Angela Merkel. Porque não faz os alemães gastar mais dinheiro, porque não permite que se imprima mais moeda, porque não quer que "estimule a economia". Deste modo? Pudera... Já se viu o final desta telenovela e, diga-se de passagem, que não é muito agradável. Ou então a criação dos eurobonds e mais coisas assim, em que principalmente a Alemanha se chega à frente... E Merkel diz, claro, que não, que nem pensar.
E eu dizia, se estivesse no lugar dessa senhora, que só se tiver direito de veto de todos os Orçamentos de Estado dos países que beneficiem com esta decisão é que mudava de opinião. Pois... assim a coisa mudaria de figura... E depois dizia-se que era uma ingerência na soberania dos Estados e outras coisas assim... como se pedir dinheiro emprestado com nome de outro não o fosse...
Pelo que só vejo como saída continuar a fazer o trabalho de casa. E esperar por melhores dias no que toca à envolvente económica europeia e mundial. Ainda ontem o ministro Vitor Gaspar admitiu que a execução orçamental não estava a correr como o previsto. Muito por culpa da receita que foi, para não variar, sobreestimada. Estima-se que já tenha ultrapassado o limiar da curva de um teórico qualquer que dizia que, ultrapassado esse limite, o valor da receita de impostos tenderia, não a aumentar, mas a diminuir. Pelo que o aumento de impostos não é, de modo algum, a solução milagrosa. Esta passa, agora mais do que nunca, pelo corte nas despesas supérfulas do Estado, para mal da classe política instalada. Vamos ver se o Governo é capaz disso.
Pelo que não compreendo quem diz que a culpa disto tudo é de Merkel, e que quem alinha nas mesmas ideias é subserviente. Não. A culpa é nossa e somos nós que temos que sair dela. Quanto mais cedo, melhor.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
PORTUGAL
Bom jogo, gostei da exibição. Uma equipa consciente, que nunca deu um passo maior do que a perna. Valeu, acima de tudo, por isso. Quem via o jogo, nunca pensou por um momento que aquilo fosse correr mal. Desta vez não foi jogado sobre arames, mas sim sobre chão muito seguro.
Continuo a achar que Portugal não tem um Ponta de Lança capaz de jogar à bola. Temos, quando muito, uns desenrascados que por lá andam e que a maioria das vezes até estragam o trabalho dos outros. Enfim, é o que temos. Penso mesmo que até o Pauleta com os seus não sei quantos anos, com uma meia dúzia de treinos físicos para ficar em forma ainda era melhor que estes dois.
Dois. Porque Nelson Oliveira não conta. E não deve contar tão cedo, dada a sua juventude. Mas penso que é melhor que aqueles dois. E que, se tudo correr dentro do normal e Jesus lhe der rodagem, vai ser o futuro ponta de lança da selecção. Mas a pressão fala mais alto e, nestas alturas, é preferível optar por alguém que, não sendo tão bom, tem mais anos de experiência.
Mas Portugal não é só a selecção. É também Rui Costa. E não vi ninguém a fazer grandes documentários e a entrar em casa e a ver quais são os rituais da sorte do ciclista. É pena que neste país uns sejam filhos e outros sejam enteados. É a nossa sina. Da minha parte, mais uma vez, os meus mais sinceros parabéns. Ganhar a Volta à Suíça é sempre um bom resultado, dê lá por onde der...
Continuo a achar que Portugal não tem um Ponta de Lança capaz de jogar à bola. Temos, quando muito, uns desenrascados que por lá andam e que a maioria das vezes até estragam o trabalho dos outros. Enfim, é o que temos. Penso mesmo que até o Pauleta com os seus não sei quantos anos, com uma meia dúzia de treinos físicos para ficar em forma ainda era melhor que estes dois.
Dois. Porque Nelson Oliveira não conta. E não deve contar tão cedo, dada a sua juventude. Mas penso que é melhor que aqueles dois. E que, se tudo correr dentro do normal e Jesus lhe der rodagem, vai ser o futuro ponta de lança da selecção. Mas a pressão fala mais alto e, nestas alturas, é preferível optar por alguém que, não sendo tão bom, tem mais anos de experiência.
Mas Portugal não é só a selecção. É também Rui Costa. E não vi ninguém a fazer grandes documentários e a entrar em casa e a ver quais são os rituais da sorte do ciclista. É pena que neste país uns sejam filhos e outros sejam enteados. É a nossa sina. Da minha parte, mais uma vez, os meus mais sinceros parabéns. Ganhar a Volta à Suíça é sempre um bom resultado, dê lá por onde der...
domingo, 17 de junho de 2012
RUI COSTA
Aconteceu muita coisa desde que publiquei o meu ultimo post. Felizmente, parece que o alargamento da Liga não seguiu adiante, ao mesmo tempo que, felizmente, o projecto das equipas B avançou, com todos os clubes que poderiam inscrever clubes a fazê-lo.
O Porto foi campeão, ganhou a supertaça. Foi uma época menos má, apesar de tudo. Poderiamos ter visto tudo com um canudo. Os Benfiquistas que não se queixem da arbitragem porque vai ficar ela por ela em termos de benefício e prejuizo.
Continuamos a levar boas notas da troika. Paulo Bento convocou os 23 dele, que já se esperavam, com os quais nao concordava, mas pronto, são as opções dele. Continuamos na mesma guerra do euro, com noticias boas e más a alternarem e a deixarem as pessoas inseguras. Agora meteu-se a Espanha no meio do vórtice, o que não augura nada de bom, mas pode ter o condão de fazer a Europa mexer-se e definir qual a sua - boa ou má - solução.
Hesjedal ganhou o Giro de Italia. Surpresa, só para quem não viu. Estava bem, e para um não trepador, safou-se muito bem nas etapas mais duras. Enfim, muita coisa se passou nos últimos tempos e estas são as coisas mais marcantes para mim e que me lembro neste momento.
No meio disto tudo, hoje tive uma boa notícia. O senhor com o nome que intitula o post (não o jogador do Benfica, o outro, o ciclista) ganhou a Volta à Suiça. Depois de uma etapa na Volta à França, da vitória nos 4 dias de Dunquerque e de muitas outras boas exibições, Rui Costa ganhou a Volta à Suiça.
Rui Costa tem muito a agradecer a Valverde. Porque ele o ajudou e muito. Também porque lhe interessava para a equipa, mas podia ter sido egoista e obrigar Rui Costa a trabalhar para ele. Mas não, colaborou com Costa e assim a Movistar ganhou.
Fica assim provado que temos pelo menos um ciclista para poder ganhar uma grande volta. Continuo a acreditar que Machado também tem essa capacidade, mas pode não estar na equipa certa, uma vez que tem uma série de vedetas para trabalhar enquanto Rui Costa só tem mesmo Valverde.
É mais uma boa notícia para Portugal. E é com notícias destas que podemos levantar a moral e sair da crise. Pode ser que a Selecção (sim, continuo a escrever de acordo com a antiga ortografia) dê uma ajuda...
O Porto foi campeão, ganhou a supertaça. Foi uma época menos má, apesar de tudo. Poderiamos ter visto tudo com um canudo. Os Benfiquistas que não se queixem da arbitragem porque vai ficar ela por ela em termos de benefício e prejuizo.
Continuamos a levar boas notas da troika. Paulo Bento convocou os 23 dele, que já se esperavam, com os quais nao concordava, mas pronto, são as opções dele. Continuamos na mesma guerra do euro, com noticias boas e más a alternarem e a deixarem as pessoas inseguras. Agora meteu-se a Espanha no meio do vórtice, o que não augura nada de bom, mas pode ter o condão de fazer a Europa mexer-se e definir qual a sua - boa ou má - solução.
Hesjedal ganhou o Giro de Italia. Surpresa, só para quem não viu. Estava bem, e para um não trepador, safou-se muito bem nas etapas mais duras. Enfim, muita coisa se passou nos últimos tempos e estas são as coisas mais marcantes para mim e que me lembro neste momento.
No meio disto tudo, hoje tive uma boa notícia. O senhor com o nome que intitula o post (não o jogador do Benfica, o outro, o ciclista) ganhou a Volta à Suiça. Depois de uma etapa na Volta à França, da vitória nos 4 dias de Dunquerque e de muitas outras boas exibições, Rui Costa ganhou a Volta à Suiça.
Rui Costa tem muito a agradecer a Valverde. Porque ele o ajudou e muito. Também porque lhe interessava para a equipa, mas podia ter sido egoista e obrigar Rui Costa a trabalhar para ele. Mas não, colaborou com Costa e assim a Movistar ganhou.
Fica assim provado que temos pelo menos um ciclista para poder ganhar uma grande volta. Continuo a acreditar que Machado também tem essa capacidade, mas pode não estar na equipa certa, uma vez que tem uma série de vedetas para trabalhar enquanto Rui Costa só tem mesmo Valverde.
É mais uma boa notícia para Portugal. E é com notícias destas que podemos levantar a moral e sair da crise. Pode ser que a Selecção (sim, continuo a escrever de acordo com a antiga ortografia) dê uma ajuda...
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