sábado, 23 de junho de 2012

NÃO COMPREENDO...

Acabei de ler o artigo de opinião de José Manuel Fernandes de ontem no Público. E subscrevo.

Finalmente, como sempre defendi, temos um gestor (ou economista, se preferirem chamar-lhe pelo curso que o homem tirou...) a liderar o SNS. Finalmente! Porque a situação de pré-falência a que chegou a isso obrigava. E, claro, teve que fazer alguns cortes. E logo lhe chamam, a ele ou a interposta pessoa, "cangalheiro". Quando toca a meter populismo, qualquer coisinha serve. É por estas e por outras que Louçã, que eu considero extremamente inteligente, não chega a Primeiro Ministro. É pena.

Este é um exemplo daquilo onde eu hoje quero chegar. Durante os últimos 20 anos (sim, com Cavaco incluido...) não fizemos os nossos trabalhos de casa. Não soubemos planear adequadamente o nosso futuro. Deixamo-nos ir à boleia do populismo e à boleia do facilitismo. Resultado: quando quisemos meter um bocadinho de ordem na casa tivemos logo um PR que dizia que "há mais vida para além do défice" (pois há, nota-se agora...e os trabalhos de casa, dr. Sampaio?) e tivemos maneira de mandar os senhores que lá estavam embora para vir mais do mesmo. E chegámos onde chegámos.

Posto isto, quando mais ninguém nos emprestava dinheiro com um risco (leia-se taxa de juro) aceitável, tivemos que pedir emprestado, e por favor, a outros, que só emprestam em último caso. E estes fizeram aquilo que nós não tivemos coragem de fazer: uma listinha de "trabalhos de casa" (leia-se reformas) para nos tornarmos minimamente sustentáveis. Obviamente que esses trabalhos de casa trazem problemas de curto prazo, porque trazem empobrecimento. Mas eu prefiro chamar-lhe redimensionamento. Sim, porque nos estamos a redimensionar ao que temos e isso custa. Mais ou menos como uma família muito rica, que de repente fica com pouco dinheiro. Tem que se ajustar. Aqui, o ajustamento é para 10 milhoes e qualquer coisa de portugueses.

E, durante este ajustamento, aparecem os "culpados" (leia-se responsáveis políticos) que nos levaram a este ponto a dizerem que é necessário um travão. E que é preciso abrandar o rítmo e que é necessário "estimular a economia" (leia-se gastar mais dinheiro). Mas não foi isso que nós fizemos durante este tempo todo? E quais foram os resultados a que chegámos? E a solução é voltar a insistir no erro?

Então dizem que a culpa é de Angela Merkel. Porque não faz os alemães gastar mais dinheiro, porque não permite que se imprima mais moeda, porque não quer que "estimule a economia". Deste modo? Pudera... Já se viu o final desta telenovela e, diga-se de passagem, que não é muito agradável. Ou então a criação dos eurobonds e mais coisas assim, em que principalmente a Alemanha se chega à frente... E Merkel diz, claro, que não, que nem pensar.

E eu dizia, se estivesse no lugar dessa senhora, que só se tiver direito de veto de todos os Orçamentos de Estado dos países que beneficiem com esta decisão é que mudava de opinião. Pois... assim a coisa mudaria de figura... E depois dizia-se que era uma ingerência na soberania dos Estados e outras coisas assim... como se pedir dinheiro emprestado com nome de outro não o fosse...

Pelo que só vejo como saída continuar a fazer o trabalho de casa. E esperar por melhores dias no que toca à envolvente económica europeia e mundial. Ainda ontem o ministro Vitor Gaspar admitiu que a execução orçamental não estava a correr como o previsto. Muito por culpa da receita que foi, para não variar, sobreestimada. Estima-se que já tenha ultrapassado o limiar da curva de um teórico qualquer que dizia que, ultrapassado esse limite, o valor da receita de impostos tenderia, não a aumentar, mas a diminuir. Pelo que o aumento de impostos não é, de modo algum, a solução milagrosa. Esta passa, agora mais do que nunca, pelo corte nas despesas supérfulas do Estado, para mal da classe política instalada. Vamos ver se o Governo é capaz disso.

Pelo que não compreendo quem diz que a culpa disto tudo é de Merkel, e que quem alinha nas mesmas ideias é subserviente. Não. A culpa é nossa e somos nós que temos que sair dela. Quanto mais cedo, melhor.

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