Mas adiante. Ganhou António Costa. Ganhou o regresso do socratismo ao PS, face a uma nova ala que pretendia renovar, sem o fazer de forma drástica (graças a um grupo parlamentar extremamente hostil), um partido histórico.
Ganhou o regresso do socratismo. O regresso das "eminências pardas" que têm guiado o regime nos últimos 40 anos. Os resultados são os que se conhecem. 3 bancarrotas deveriam ser mais que sinal de alerta para que tal se evitasse.
Passemos à fase seguinte. Costa diz que temos que abrandar a austeridade. E baseia-se num argumento falacioso. Diz que a austeridade era para controlar a dívida, mas que não resultou - temos mais dívida. O défice, diz, também era maior. Esquece-se é de dizer muita coisa. Repare-se:
- O défice original era de 4,6% para 2011. O défice em Junho transposto a Dezembro seria quase 8%. Ou seja, quase o dobro. E passar de 4,6% para 3% é diferente de passar de 8% para 3%. Culpa de Passos que "prometeu" que não iria culpar o antecessor. Devê-lo-ia ter feito. Uma comunicação ao país seria mais que suficiente para explicar o que se passava.
- A Dívida. Ora bem. Das duas uma: ou Costa mente de propósito ou então Finanças Públicas não constou da sua formação. Nem das suas leituras. Mesmo enquanto Ministro ou Deputado. Como é que seria possível baixar a Dívida com um orçamento com saldo primário (antes de juros) negativo? Não dá.
- A Dívida (parte 2). Costa esquece-se de mencionar aquilo que Sócrates mencionou na campnha eleitoral de 2011: uma alteração metodológica da Comissão Europeia fez com que a nossa dívida tenha aumentado mais ou menos 20% a mais que o previsto.
- A despesa pública. Santos Pereira, ainda enquanto professor no Canadá, explicou no seu blogue (Desmitos) que os juros incomportáveis a que Sócrates, na sua desesperada fuga para a frente (não critico Sócrates, ainda não havia nada seguro pela frente, mas poderia ter feito as coisas de outra forma) resultaram num aumento da despesa equivalente a mais 3.000 milhões de euros por ano. É o equivalente a um TGV por ano em juros. Ah!, quem dera termos sido poupadinhos...
Por isto, concluo que, a menos que António Costa mude de ideias e comece a apresentar alguma coisa que se aproveite, vou ter de votar em Pedro Passos Coelho. Não porque ache que ele seja o melhor, como há 4 anos, mas porque acho que é o menos mau. E isto não é bom sinal.