A nossa participação em Londres tem sido uma miséria. Medalhas, nem vê-las. As nossas principais esperanças caem ao final das primeiras rondas e só mesmo as surpresas é que fazem melhorar a nossa auto-estima.
Podia estar aqui a criticar Telma Monteiro (vice-campeã europeia), João Pina (que já fez grandes campanhas e que honrou a bandeira nacional), Patrícia Mamona (vice-campeã europeia de triplo salto), mas não o vou fazer. Porque o problema não está neles, mas nas condições que lhes dão, desde cedo.
Vou ser o mais claro que conseguir. Falta trabalho de base no desporto português. Não é por a selecção de futebol conseguir fazer o poucas fazem que está tudo bem. Faltam condições de trabalho aos atletas. Faltam condições para formação. Porque sem uma formação decente, não há atleta, por mais talentoso que seja, que consiga depois ombrear com os melhores.
A única modalidade em Portugal onde já existem condições para formação é, para não variar, no futebol. Ironia das ironias, aposta-se em argentinos, peruanos, brasileiros e afins. Portugueses, é para o tecto. É lamentável que assim aconteça, mas é a realidade. E só estou a ver a coisa a mudar quando mudarem estes dirigentes e se passe a apostar em clubes financeiramente sustentáveis e não com passivos de 200 ou 300 ou 400 milhões de euros, que podem, a qualquer momento, falir. Sim, FALIR (aliás, já estão em falência técnica...no dia em que os bancos fecharem a torneira, que pode estar próximo, vamos deparar com casos desses aos pontapés...)!
Em todas as outras modalidades, as condições de trabalho continuam na mesma. Só agora é que surgiram os Centros de Alto Rendimento. Que só vão minimizar as perdas. Que, face ao outros países (vejam a China, que ninguém dava nada por ela e que se enche de medalhas!!!), que propiciam essas condições desde a formação, estamos em grande desvantagem! Que só se resolve quando se começar a investir em pavilhões com condições em vez de auto-estradas, em pistas de atletismo em vez de pontes sem necessidade de existirem! Enfim, onde se invista no essencial em vez do acessório.
Ao mesmo tempo, torna-se essencial investir também em matéria humana qualificada. Por exemplo, é um holandês que vem treinar os indivíduos (que me perdoem, mas eu não sei o nome deles...) que concorreram no remo.
E depois disto tudo, é importante que se trabalhe logo na formação. De modo a que, caso entendam ser profissionais, com todas as condições, possam ombrear com os melhores do mundo. E aí, sim, já podemos dizer que nos desiludiram ou que não fizeram o suficiente.
Até lá, participarem já é muito bom e fazerem bons resultados já é uma maravilha.
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