quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CIRCO (PARA NÃO CHAMAR PIOR...)

Vivemos num autêntico circo. O que se tem passado nos últimos dias no mundo político português é de bradar aos céus.

No sábado, um deputado da nossa nação (se bem que o cargo já teve maior respeitabilidade do que a que tem... parece que agora só vai para deputado quem é aprendiz de político profissional, mas adiante...) deu-se ao "luxo" de dizer que está-se "marimbando" para com os nossos credores. E que, caso eles "não se pusessem finos", não se devia pagar a dívida que contraímos com eles.

O cúmulo vem com um senhor ao qual se "deve" (um corno, mas pronto) a nossa democracia, Manuel Alegre, a elogiar este tipo de afirmações e este tipo de atitude, pois fazem falta e dão "alma à democracia".

Neste sentido, hoje, na AR, um deputado do PSD vem fazer aquilo que eu não gosto e veio tirar partido de uma frase infeliz do deputado para por mal António José Seguro (AJS, daqui por diante). Ora pronto, foi o fim da macacada. Defesa da honra e troca o passo e o execrável líder parlamentar do PS a intervir mais uma vez.

Basílio Horta intervém no assunto, "chamado" pela bancada do PSD. Ora, faz uma intervenção sem nexo, e na resposta do deputado do PSD, interrompe e chama-o de "ordinário" (citação).

Enfim. Tudo isto seria risível se não fosse trágico. Quanto ao deputado Pedro Nuno Soares, responde por mim Manuel Maria Carrilho, ilustre militante do... PS:
«A dívida instalou-se na cultura ocidental, e de um modo cada vez mais constante e avassalador, desde que se privilegiou de um modo absoluto a relação com o futuro, concebendo-o como um horizonte que acolhe e compatibiliza todas as promessas e expectativas, por mais contraditórias ou inviáveis que fossem. Foi isso que, antes de todos, percebeu Nietzsche, o mais visionário dos filósofos do século XIX. Foi no segundo ensaio do seu livro A Genealogia da Moral, de 1887, que ele perspicazmente sugeriu que a sociedade não resulta da troca económica (como pensaram A. Smith ou K. Marx), nem assenta na troca simbólica (como viriam a defender as perspectivas antropológica ou psicanalítica), mas que ela se organiza a partir do crédito. Ou mais precisamente, da relação credor-devedor. A grande intuição de Nietzsche foi a de que é a assimetria entre o crédito concedido e a dívida assumida que, desde os seus primórdios, está no fundamento de toda a vida social, antes mesmo da produção e do trabalho. Destacando a proximidade, em alemão, entre o conceito de dívidas (Schulden) e a noção de culpa (Schuld), Nietzsche defende que a chave da organização da sociedade se encontra na sua capacidade para fabricar homens capazes de prometer, e nos seus múltiplos mecanismos para obrigar a honrar as promessas feitas. Teria sido esta a origem da memória, que seria o lugar do mais remoto aparecimento da consciência individual, e nomeadamente dos sentimentos de medo, de má consciência ou de culpabilidade.»

No que toca ao deputado do PSD, é tempo de deixar de fazer este tipo de política, rasteira e que não interessa a ninguém. É tempo de se preocuparem com o povo que está cá fora, sem paciência para "guerrinhas" que não interessam nem ao Menino Jesus. 

E quanto a Basílio Horta, é lamentável que um senhor com o estatuto que ele tem, se deixe levar por um momento e tome atitudes tão lamentáveis. Não posso dizer mais do que isso.

P.S. Chirac foi condenado por corrupção em França. Para quando a condenação dos políticos que nos levaram ao estado em que estamos?

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