sexta-feira, 16 de julho de 2010

O ESTADO DA NAÇÃO

Ontem foi dia de debate sobre o Estado da Nação, no Parlamento. Começou com um discurso do Primeiro-Ministro, que pode ser lido seguindo o link:

http://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/PrimeiroMinistro/Intervencoes/Pages/20100715_PM_Int_Estado_Nacao.aspx

sendo depois seguido de interpelações dos diversos partidos, dirigidas ao governo.

Ora, por este debate, retirei duas conclusões: a primeira é que este primeiro-ministro está longe da realidade e que Sócrates é pobre e mal agradecido. Primeiro ponto: quem for ler o discurso, dirá, pois claro que as coisas não são bem como este senhor as pinta, e pior do que isso, parece que ele está mesmo convencido de que são reais. Ponto dois: é pobre e mal agradecido, porque não sabe ser simpático com quem lhe tem salvado a cara uma série de vezes. O PSD tem conseguido manter o barco minimamente estável e Sócrates, no seu estilo, quase cobarde, limita-se a agradecer mandando insinuações e "boquinhas" que por vezes não coincidem com a realidade.

Contudo, o que mais me chocou foi mesmo a satisfação com Sócrates anunciou números relativos ao trabalho desenvolvido até 2009 na Educação. 1,2 milhões de pessoas inscritas no programa Novas Oportunidades, mais não sei quantos alunos que concluiram o Ensino Secundário, que estão inscritos nele, que acabaram o Ensino Básico, que mais não sei bem o quê que ele para lá disse que já não me lembro.

Ora, se formos a ver tudo o que consta com um bocadinho mais de atenção, vamos dar conta de uma serie de coisas que são elucidativas.

1) É notória a diminuição da exigência aos alunos da Escola Pública. A começar pelos exames. Não é novidade para ninguém que os exames destes últimos anos têm sido de um grau de exigência menor que em anos passados.

2) O novo estatuto do aluno é mais um exemplo disto mesmo. As faltas pura e simplesmente deixam de contar e tudo é contado para que o aluno transite de ano, mas nada conta para que reprove.

3) O programa Novas Oportunidades, apresentado como um programa para requalificar os portugueses que não tinham as qualificações que ambicionavam, baseia-se num sistema de exigência quase zero. Basta uma meia duzia de trabalhos e a coisa está processada. Se eu soubesse tinha-me dedicado a outra coisa e com isto já fazia o 12o ano com uma perna às costas...

4) A coisas que se vão passando nas Escolas são de bradar aos céus. O que a minha mãe me vai contando, desde miudos insubordinados que não podem levar dois puxões de orelhas (porque isso as traumatiza, pois claro!) e ainda dizem isso trinfantemente na cara dos professores, adicionados a pais que não colaboram com o trabalho dos professores, são exemplos de casos que são paradigmátcos de que algo não vai bem na escola pública.

Sócrates, contudo, opta por dizer as coisas mais bonitas. Diz, por exemplo, que as crianças antes chumbavam porque estavam em escolas com poucos alunos. Nunca ouvi falar em tal! Nem eu nem a minha mãe! No meu tempo chumbava-se por falta de conhecimentos! Está bem que a falta de materiais pode dificultar a aprendizagem, mas não é a condição sine qua non para que os alunos virem génios e passem todos! Além disso, os professores não mudam de feitio de ano para ano! Assim, os professores passariam os alunos se eles tivessem, de facto, as competências necessárias para transitar de ano. Contudo, de acordo com o despacho normativo 50/2005 do ME, chumbar um aluno não depende directamente do professor, que pode ver a sua decisão revogada por alguém que não conhece sequer as circustâncias e só por analisar um processo define "Este aluno transita!" ou "Este aluno não transita!". Elucidativo!

Assim não é de admirar que depois no Ensino Superior se encontrem alunos que não saibam fazer a revisão bibliográfica de um trabalho, ou mais grave ainda, não sejam capazes de escrever uma introdução para um trabalho. Com uma exigência assim, não há Ensino SUPERIOR (em todos os sentidos do termo...) que resista, certo???

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